Magazine Luiza: o que aprender com as aquisições da gigante do varejo brasileiro
Neste últimos meses acompanhamos os movimentos estratégicos do grande caso Magazine Luiza. A maioria das táticas estão relacionadas a uma tendência que está ganhando muita força no Brasil: fusões e aquisições estratégicas.
Você deve estar pensando, a enorme varejista Magazine Luiza tem dinheiro e “força” para tomar essas decisões. Mas é aí onde você se engana, não basta não ter o lado monetário, antes disso, é necessário ter muito planejamento estratégico, análise de mercado, controle de indicadores financeiros e uma ótima leitura dos dados financeiros.
Continue lendo este artigo e veja como colocar em prática essa tendência na sua empresa e fazer o que a Magazine Luiza faz também!
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Um pouco sobre a atual “Rainha do varejo brasileiro”
A Rainha do Varejo, Magazine Luiza, foi fundada em 1959 por uma das empresárias mais bem sucedidas do Brasil – líder do Grupo Mulheres do Brasil, formado em 2012 por 50 mulheres atuantes em diversos segmentos da economia e Top Voice do LinkedIn – Luiza Helena Trajano Donato e, pelo seu tio e criador das lojas, Pelegrino José Donato.
Em 1974, a grandiosa Magazine Luiza, surgiu com a sua primeira loja de departamentos em Franca, interior de São Paulo.
Já em 1993, a varejista ofertou ao mercado brasileiro a sua primeira Liquidação Fantástica, onde a empresa vende seus produtos com até 70% de desconto para o público. Em 2003, a Luiza cria um dos maiores ícone da internet, a famosa e querida Magalu, a avatar virtual que ajuda os consumidores na compra online.
Em 2008, com a grande divulgação do Faustão, a Magazine Luiza inaugura de uma só vez 44 lojas em São Paulo em comemoração aos 50 anos da varejista.
Hoje, a grandiosa Magalu é dona das marcas Netshoes, Softbox e Integra. Sendo uma das maiores redes de varejo e de lojas virtuais do Brasil, a grandiosa Magazine Luiza é composta por mais 100 lojas espalhadas pelo País e emprega mais de 3.000 funcionários. E mais, alcançou um faturamento de mais de R$ 14.3 bilhões em 2017, alcançando um valor de mercado de R$ 30.8 bilhões em 2018.
Além disso, com a ajuda da fama da Magalu e os planos de negócios inovadores, a varejista entra este ano no ranking das 60 marcas Mais Valiosas do Brasil, essa pesquisa é feita pelos grupos WPP e a Kantar em parceria com a revista IstoÉ Dinheiro e também concluiu oferta de R$ 4,7 bi e atraiu fundos tech dos Estados Unidos à base acionária.
Caso Magazine Luiza: o importante ano de 2019
A Magazine Luiza não ficou conhecida apenas com suas inaugurações de lojas físicas em massa e nem de suas famosas liquidações fantásticas. Neste ano, ela, simplesmente, colocou as suas parcerias e aquisições para jogo. Mostrou que unir forças é muito mais vantagem, do que lutar sozinha no mercado brasileiro.
Além, a compra das startups Softbox e Integra, veja abaixo a parceria e aquisição que fizeram as suas ações subirem e muito na Bolsa de Valores em 2019:
- 14 de Junho de 2019, Magazine Luiza faz uma das aquisições mais famosas de 2019, a compra da Netshoes. Com a compra da loja virtual Netshoes, a Magalu torna-se líder no varejo online de roupas, calçados e artigos esportivos, agregando 250 000 itens ao seu portfólio, além das marcas Zattini, Shoestock e Free Lace. Sua base de consumidores salta para 25 milhões, um incremento de mais de 7 milhões de clientes.
- 27 de Novembro de 2019, Magazine Luiza fecha parceria com a Linx. O pulo do gato dessa parceria, é o sistema Linx OMS conectado ao marketplace do Magalu, incluindo a Netshoes. Assim, os usuários da primeira plataforma poderão publicar seus catálogos de produtos no canal do Magazine Luiza, acelerando suas vendas. Além disso, os vendedores que usam ambos os sistemas poderão usar seus próprios pontos físicos como opção de entrega ou retirada de produtos vendidos pelo sistema do Magazine Luiza.
E a grandiosa Magalu não quer parar por aí, ela já está de olho na grande e-commerce especializado em vendas de livros usados e novos, Estante Virtual, que é controlada pela Livraria Cultura.
Essa possível aquisição pode ajudar a Magalu a aumentar o market share na área de livros para concorrer com gigantes do setor como Amazon e até mesmo a própria Cultura.
Mas isso são cenas para os próximos capítulos desta novela!
Tendência para 2020: fusões e aquisições estratégicas
Fusões e aquisições são estratégias que ultimamente estão ganhando bastante força no mercado brasileiro. E a Magazine Luiza é um grande exemplo de sua utilização em seus planos de negócio. Para você ter uma noção, o mercado de fusões e aquisições no Brasil bateu o recorde no acumulado de janeiro a setembro de 2019, com 614 transações, 31% superior ao mesmo período de 2018 e o maior volume acumulado dos últimos cinco anos, de acordo com o levantamento da PWC Brasil.
A expansão de negócios por meio da utilização das fusões e aquisições estratégicas traz à empresa uma oportunidade de:
- Aumento da eficiência: ganhos de sinergia e/ou economias de escala.
- Aumento da cota de mercado.
- Acesso a novos mercados.
- Ascensão a uma posição de domínio no mercado.
- Maximização da produção com redução de custos.
- Diversificação da atividade.
- Diminuição do risco de negócio.
- Substituição de equipes de gestão por outras mais competentes.
- Maximização de resultados por otimização fiscal.
- Oportunidade de aquisição de uma empresa desvalorizada
Mas afinal, qual a diferença entre fusão e aquisição estratégica?
A diferença é que fusão é a junção de duas ou mais empresas que deixam de existir individualmente para se tornarem em uma única nova empresa. Do ponto de vista jurídico, de acordo com a Lei das Sociedades Anônimas (Lei Nº 6.404/76), no artigo 228: “Fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações”.
Exemplo, em 1999, a Antártica e a Brahma se juntaram e formaram a Ambev. Por outro lado, a aquisição é a compra do controle acionista de uma empresa por outra, considerando que a primeira desaparece. No processo de aquisição, portanto, uma empresa compra outra e a sucede nos direitos e obrigações. Um ótimo exemplo, é a compra da Nestlé com a marca Garoto, tendo autoridade sobre os chocolates Baton e Serenata de Amor.
Principais vantagens das fusões e aquisições estratégicas
- Geralmente relacionados com a existência de economias de escala, os ganhos de eficiência se traduzem na possibilidade da empresa em obter economias de custos, derivadas da agregação e/ou reorganização da produção ou de redução dos custos fixos, da reorganização das atividades de distribuição e comercialização e da diminuição dos custos de administração.
- As fusões e aquisições de empresas do mesmo setor, particularmente quando estão envolvidas empresas de maior dimensão, também podem conduzir a um aumento significativo da share de mercado, onde pode haver o aumento de rentabilidade mesmo sem ganhos de eficiência, aumento dos preços e respectivos lucros e uma forte concentração do setor.
- Outro benefício são especificamente para os stakeholders internos (acionistas, equipes de gestão e colaboradores), como: aumento de salários, reestruturação interna positiva, espaços para novos colaboradores e grandes possibilidades para inovação em todos os sentidos interna na empresa.
Principais desvantagens das fusões e aquisições estratégicas
Nem tudo são flores, o mesmo ocorre com a utilização da estratégia bem elaborada das fusões e aquisições, vamos abordar agora as principais efeitos negativos com essa tática estratégica:
- Pode ocorrer demissões em massa, dependendo dos planos de negócio após a fusão ou aquisição estratégica;
- Tendo maior poder no mercado, as empresas intervenientes em processos de fusões e aquisições podem aumentar os seus preços, e consequentemente reduzir o poder de compra dos clientes;
- Durante as negociações entre os participantes de um processo de aquisição, o comprador deve exigir que o vendedor tenha alguma garantia financeira, caso despesas desconhecidas apareçam futuramente. As garantias ficam disponíveis para o comprador por um período de cinco anos e sua liberação, se necessária, pode gerar litígios que atrasam a transação. Por isso, a apólice se torna uma vantagem competitiva. Com a cobertura de seguro, a responsabilidade de cobrir tais eventos recai sobre o seguro, liberando a empresa da necessidade de alocar fundos para garantia financeira;
- Perda da força da marca e posicionamento da empresa do mercado pode ficar confuso.
O que o seu planejamento financeiro e indicadores tem a ver com isso?
Tem tudo a ver! Em uma elaboração de uma fusão ou aquisição estratégica, o CEO ou Gestor Financeiro precisa saber exatamente os seus números e analisar se esta tática será bem vista em seu planejamento financeiro.
Passo a passo do processo de fusões e aquisições
Passo 1 – Plano de execução: essa é o momento de estabelecer os principais objetivos, identificar produtos e tecnologias alvo, analisar os futuros riscos, entender a fundo o conhecimento da empresa, definir as pessoas que estarão envolvidas neste plano e definir os prazos.
Passo 2 – Análise da empresa: é nesta etapa que falamos da importância dos indicadores financeiros operacionais e os estratégicos da empresa. O controle e a auditoria dos dados financeiros são colocados a prova. Pois eles mostraram para o planejamento estratégico se vale à pena fazer ou não a fusão ou a aquisição estratégica.
Passo 3 – Valuation: nesta etapa será avaliado o valor do alvo,identificar alternativas para estruturar as transações de fusão ou aquisição, avaliá-las e selecionar aquela que melhor permita à organização alcançar seus objetivos e desenvolver uma melhor oferta para a empresa.
Passo 4 – Tomada de decisão: esse é o momento do CEO, a liderança corporativa analisa os pontos fortes e fracos da fusão ou aquisição estratégica e toma a decisão.
Passo 5 – Due Diligence: a proposta for aceita, os líderes da empresa adquirente devem assegurar uma revisão completa e abrangente de due diligence da empresa alvo, para compreender completamente as questões, oportunidades e riscos da transação.
A Due Diligence, para você que não sabe, é uma revisão da posição financeira, jurídica e operacional da empresa alvo para garantir a precisão das informações obtidas anteriormente.
Passo 6 – Ajustes finais: redige-se um contrato de venda e, após assinado, conclui-se a transação financeira, a qual é anunciada para o mercado.
Segredo para ter sucesso em fusões e aquisições estratégicas
O segredo do sucesso está na correta e clara definição do objetivo com a fusão ou aquisição estratégica. Isso quer dizer que você precisa ter uma equipe Data Driven que saiba não só recolher os principais dados, mas saiba traduzir os que os indicadores financeiros mostram para empresa e comprometidos em estabelecer metas pré-definidas no planejamento estratégico para se chegar em uma negociação como a fusão ou aquisição.
Outro ponto importante é a compreensão do seu mercado e ter uma visão clara e estratégica externa do negócio. Ou seja, esteja não só atento ao seu negócio, saiba o que está acontecendo no mundo, as inovações, as tecnologias e principalmente os riscos que você pode estar enfrentando.
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